História do Brasil T2: A formação, 1941

e desenvolvera dispersiva e amplamente as forças sociais e produtivas que no século precedente hesitavam no litoral, débeis e isoladas, entre a barreira da Serra marítima e a ameaça dos índios ferozes. Em 1600 a colonização parava na fortaleza dos Reis Magos, no Rio Grande, e ao sul em Cananeia, aventurando-se quando muito os traficantes de escravos carijós, nos seus barcos costeiros, a ir tomá-los entre Laguna e os Patos. Mesmo no trecho de beira-mar, onde arranhavam os povoadores como caranguejos - na ironia de frei Vicente do Salvador - as tribos tapuias devastavam por vezes os arraiais, mesmo as vilas com as suas paliçadas e as suas igrejas, impedindo a penetração dos sertões misteriosos, o acréscimo dos gados "curraleiros" e a ocupação das "sesmarias" inutilmente concedidas. Assim no recôncavo da Bahia à volta de Cachoeira até Cairu e Porto Seguro, no estuário do Paraíba e Campos dos Goitacazes... A irradiação sertanista, partindo de S. Paulo, dominara o vale do Tietê, a região balizada pelo Paranapema ao sul e pala Mantiqueira ao norte: faltava-lhe, porém, a distribuição de núcleos urbanos, que fixassem os mamalucos seminômades, e servissem de base e coordenação para a conquista do oeste. Não tardou, ao raiar o século XVII, a expansão portuguesa até o Ceará, Maranhão, Pará, e o rio Amazonas. Concluída na zona tórrida a grande empresa, perfez-se em sentido austral, com a incorporação do território entre Itanhaém, Paranaguá, S. Francisco e Santa Catarina, acompanhada da instalação, na foz do Prata, da tribula da Colônia do Sacramento. A área geográfica integralizara-se na direção do meridiano (que não era mais, evidentemente, o de Tordesilhas...); restava a delimitação das fronteiras que dependia do conflito entre as "entradas" paulistas e os vizinhos castelhanos. Perde-se a noção da lei sagrada e antiga que vedava esse desbordamento. Os homens no Brasil têm a liberdade

História do Brasil T2: A formação, 1941 - Página 479 - Thumb Visualização
Formato
Texto