mover, – conforme já explicamos, – foi o indiferentismo, a apatia, a neutralidade de muitas dessas forças dele separadas que precipitaram a sua queda rápida, após um largo período de enfraquecimento e de inépcia, de cegueira e de regressão de métodos políticos.
As brechas começaram a fender essa construção maciça, – a mais sólida e a mais notável da nossa existência de país. É preciso, antes do mais, considerar a longa continuidade de meio século de regime, a permanência duma única cabeça a girar todas as coisas, – a mudança de sede duma paróquia sulina, a adoção dum novo livro numa faculdade pernambucana, e outras minúcias, – os anos e anos de desenvolvimento público e particular, a tradição que se foi construindo, a lenda que se edificou, – para podermos compreender que muralha tremenda fora o império e que ruína ele apresentava nos seus instantes derradeiros.
Nessa construção pesada e cheia de linhas rígidas, de arestas vivas, as brechas deixaram sulcos fundos e notáveis – afetaram a sua estrutura íntima, moveram a sua estabilidade formidável, destruíram os alicerces e fizeram esboroar anteparos.
Essas brechas, que vimos especificando, de capítulo em capítulo, parceladamente, acabaram por aluir a massa enorme e por deixá-la às intempéries do primeiro choque e às agruras da primeira tempestade. Cada força que se alheava, cada suporte retirado, cada amparo perdido, correspondia a um estremecimento do todo.
Pela ordem em que apareceram os males e as enfermidades que minaram o organismo monárquico podemos apontá-las, numa síntese rápida: