Panorama do Segundo Império

das falhas de uns e de outros, que anotava cuidadosamente, indicam outros traços principais do seu caráter, advindos ou apurados nessa infância sem festas, sem prazeres e sem meninas.

D. Pedro I enchera a adolescência com o ruído e a lenda das suas proezas, D. Pedro II atravessara-a confinado entre o latim e as tricas políticas em que, muito cedo o envolveram. Nelas se desempenhava com verdadeiro prazer. Era a sua evasão. A sua diversão apaixonada. Pondo de lado a tradução duma poesia francesa, comprazia-se nas tortuosidades do ensaio parlamentar que a sua nobreza representava, com muita decência e dignidade e do qual ele era o contrarregras vigoroso (169) Nota do Autor.

Vocação decidida de mestre-escola, ele distribuía prêmios e castigos com aquele seu impulso voluntarioso e pausado. Os quietos, os tímidos, os calados, são os piores opiniáticos. Refugiam-se no sossego, esquivam-se à dialética, ao debate, e fincam o pé. Há de ser aquilo mesmo. Não há "como" nem "porquê".

No fim de contas os seus tutelados estavam livres da sua absorvente ascendência. Era honesto, era um puro, era um justo, – isso era. Para o brasileiro, essas virtudes, no homem público, constituem uma auréola. Vem de longe o nosso vezo de difamar quantos desempenhem

Panorama do Segundo Império - Página 391 - Thumb Visualização
Formato
Texto