Representava um símbolo das virtudes médias do brasileiro, – que não gosta de condenar, que ama os livros, que aprecia a erudição, que não quer fazer mal a ninguém.
D. Pedro II foi, sempre, um neutro. Não possuía a vivacidade do pai. Era o triste produto de uma educação em que não houve outro princípio senão ensinar e ensinar. Encheram a sua cabeça infantil de meios-conhecimentos e abriram perspectiva para aquela sua constante e ingênua curiosidade pelos conhecimentos vulgares e pelas aparências.
Na sua infância não houve um cuidado feminino. Habituado ao meio dos homens não desenvolveu certas qualidades que o convívio feminino aprimora, o desembaraço, a desenvoltura, o gosto dos prazeres, as evasões que o espírito se permite, para quebrar a monotonia da existência. Foi um tímido e um retraído.
Nessa timidez se ocultava uma forte dose de orgulho e nessa fuga ao convívio humano, nesse prazer da solidão, – solidão dos livros, solidão de S. Cristóvão, solidão de Petrópolis, – havia sombra dum caráter voluntarioso e opiniático.
Era ainda uma criança quando os promotores da sua prematura e apressada maioridade consultaram-no. Era lançar-se na ventura e burlar aquilo que estava estabelecido. A sua resposta é incisiva e sintomática: "Quero já", disse.
Isso quebrava um pouco a lenda do menino quieto, arredio e ajuizado. A sua ânsia de ultimar aquela educação em que o enclausuravam, manifestou-se nessa tradução de gênio voluntarioso e forte.
A sua inclinação para mestre-escola e para fiscal do procedimento alheio, numa pesquisa às vezes triste