Panorama do Segundo Império

Não houve uma revolução, com o triunfo de uma ideologia nítida.

Dessa forma, ela não trouxe, na sua bagagem, senão o entusiasmo do pequeno agrupamento republicano. O resto assistira ao advento do novo regime, ou indiferente, ou "bestificado", no dizer de Aristides Lobo. Houve quem não acreditasse, houve quem lamentasse a situação de D. Pedro II, – só não houve quem se revoltasse.

Não estando vinculada a grandes interesses econômicos, – desde que os não alterava, – a república devia sofrer as oscilações da opinião vulgar. Mais adiante é que os desequilíbrios se manifestaram. Mas isso é outra história.

A queda da monarquia semelhou o desprendimento dum fruto maduro. Para quem não sentiu ou acompanhou o seu amadurecimento pode constituir um fato inexplicável. Quem o seguiu, porém, se se assusta com o ruído da queda, não deixa de compreender que isso é o fim natural e a sequência lógica do que o precedeu.

O regime estava representado, encarnado, resumido, num homem. D. Pedro II era o último vestígio do império.

Aquele parlamento confuso em que os debates cindiam os partidos, fazendo com que os conservadores adotassem atitudes reformadoras e os liberais se recolhessem a um conformismo e a uma timidez enormes, diluía-se e se esfacelava sem um ruído, sem um protesto, sem a chama dum comentário mais vivo. As representações provinciais aprestavam-se, com a maior rapidez, para a adaptação aos novos trâmites políticos. Nas primeiras eleições conservadores e liberais compareceram e foram eleitos, com as novas cores.

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