Panorama do Segundo Império

aqueles que, colocados no último grau da necessidade pelo acúmulo dos privilégios em umas poucas corporações e instituições se vissem obrigados a lutar pela subsistência e pela riqueza em terra estranha. Ela não atraía apenas o homem do campo, o lavrador, o arrendatário, o humilde, o desamparado, aquele que só possuía, para viver, os braços destinados ao cultivo do solo. Mas aos que, mais altamente colocados na hierarquia social, podiam encontrar cargos lucrativos e honrosos, na sua administração, no seu governo, nas suas milícias. Não se trata, aqui, de admitir um êxodo da nobreza lusitana, que se não deu, a não ser para os postos da alta administração. Mas de estabelecer que a migração portuguesa para o Brasil, nos fins do século XVIII, não se fez apenas destinando os homens à lavoura ou ao comércio. Mas a várias outras profissões para as quais já vinham nomeados ou conseguiam, daqui, nomeação (14) Nota do Autor.

É esta a situação que se prolonga até D. João VI e vai além do seu governo. É esse o quadro que apresenta Portugal quando acontece o acidente da invasão francesa e a consequente fuga da corte para o Brasil. A fuga, aliás, não fez mais do que apressar um processo de separação que já se delineava e teria os seus rumos diversos, mas as suas consequências finais imutáveis, caso a marcha dos acontecimentos fosse outra.

Não somos dos que apontam o advento da corte portuguesa como fator de desequilíbrio econômico capaz de afetar fundamente a existência dos dois povos. A de Portugal, quando ela se desloca para o Rio de Janeiro. A do Brasil, com o regresso a Lisboa. (15) Nota do Autor. O que é real, entretanto, é que a vinda para a terra

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