Viagem à Província de Santa Catarina (1820)

Como reine igual temperatura sob o mesmo meridiano numa extensão muito maior à beira mar do que longe daí, a vegetação tem, por isso, muito mais uniformidade no litoral do que nas terras do interior. O que se observa na ilha de Santa Catarina confirma essa verdade. Quando cheguei a Curitiba, já fazia muito tempo eu não via as plantas que encontrara no Rio de Janeiro, ao passo que cerca da metade ou dois terços de vegetais que observei em florescência na ilha de Santa Catanina (27 de abril — 18 de maio) pertenciam à flora da capital do Brasil. Entre as espécies vulgares, poderei citar a Sophora littoralis (feijão-da-praia), uma avicenia, uma scrophulariacea, etc. Uma infinidade de insetos é comum às duas regiões, e muitos pássaros, sobretudo as pequenas espécies, existem igualmente em Santa Catarina e no Rio de Janeiro. Note-se, entretanto, que aqui a diferença de estações é muito mais sensível do que em qualquer grau ao norte do trópico do Capricórnio. Observei em Santa Catarina, nos meses de abril e maio, um número muito menor de plantas em florescência do que poderia encontrar na mesma época do ano nos arredores da capital do Brasil.

Os vales e as vargens são muito férteis, já não acontecendo o mesmo com os morros, cujo solo pedregoso, como já tive ocasião de dizer, se torna,