Após ter feito cerca de três léguas, parei num sitiozinho denominado Encantado, pertencente ao dono de uma das carroças que nos conduziam, e aí passei a noite. Conversando com o meu hospedeiro, perguntei-lhe quanto tempo era necessário, no seu lugar, para deixar a terra em repouso e derrubar as capoeiras. — Nós temos tanta terra, disse-me ele, que depois de aproveitado um lugar, abandona-se-o e vai-se plantar noutro.
Deixando o Encantado, entramos num areão coberto de butiás muito juntos uns dos outros, entremeados de diversos arbustos e sub-arbustos. Para mim era um quadro inteiramente novo o que me ofereciam essas palmeiras-anãs, cujas folhas glaucas e agudas pareciam dóceis sob os quais cresciam arbustos, quase todos de folhas verde-gaio. Começava aí uma flora verdadeiramente extratropical; a do Rio de Janeiro que eu ainda encontrara com modificações na ilha de Santa Catarina, tinha desaparecido.
Caminhávamos mais ou menos paralelamente ao mar, que ficava a uma légua ou três quartos de légua de distância. Informaram-me que entre o caminho que seguíamos e o Oceano existe uma série de lagoas, das quais a primeira, denominada lagoa Encantada, se comunica com a de Araçatuba