Viagem à Província de Santa Catarina (1820)

dinheiro; mas, nada de bom, de durável e de verdadeiramente útil e digno de menção, se havia realizado. A situação precária da província não lhe permite fazer tudo de uma só vez; construam-se, pois, sucessivamente, as estradas mais necessárias, entregando-se a direção dos trabalhos a engenheiros competentes, não se devendo esquecer de que construir estradas imperfeitas em regiões montanhosas é desperdiçar dinheiro, porque elas não tardarão a arruinar-se.

Já tivemos ocasião de dizer que os habitantes das províncias do Brasil apresentam, frequentes vezes, menos semelhança entre si, do que uns com os outros, vários povos europeus. Essa diferença provém, sem dúvida, das épocas em que occorreram as imigrações portuguesas, do grau de prosperidade a que os colonos puderam atingir, dos seus repetidos cruzamentos com os negros e os índios e, principalmente, da natureza e do clima das regiões em que eles se fixaram.

Poderemos verificar a grande influência desse último fator, se compararmos os habitantes do Rio Grande do Sul com os de Santa Catarina. Todos saíram quase na mesma época das ilhas dos Açores; enquanto, porém, os primeiros, encaminhando-se para as imensas planícies cobertas de pastagens,