Um diplomata brasileiro na corte de Inglaterra: o Barão de Penedo e sua época

zelo e patriotismo lhe sam conhecidos, lh'os prestará sem demora, bem como quaesquer informações que não tenham aquella origem e lhe sejam uteis.

Por esse modo conhecerá V. Ex. que da maneira como aqui tem sido executada a convenção consular vem a maior força do descontentamento do Governo Francez. Para elle contribuem talvez successos de interesse domestico em que nos he vedada toda especie de explicação e circunstancias ligadas á Audiencia de apresentação do Ministro Mexicano.

Convem remover esse descontentamento e grangear as sympathias do Governo, ou pelo menos evitar que a sua frieza nol-o torne praticamente adverso.

Para conseguir esse objeto está o Governo Imperial certo de que V. Exa. empregará todos os seus esforços de modo que possa o resultado delles aproveitar-nos em tempo breve.

A resolução dos incidentes que ahi podem nascer da guerra com o Paraguay, e as questões provenientes da Convenção consular sam os objectos que caracterizam a missão de V. Ex.. Della porem espera o Governo Imperial outras vantagens que depois mencionarei.

O nosso pensamento no que respeita ao segundo objeto está exarado nos despachos dirigidos ao Snr. Conselheiro Marques Lisboa, e nos documentos a elles annexos. - Pelo proximo paquete lhe farei ampla exposição. No entretanto d'aquelles documentos colherá V. Ex. a doutrina do Governo Imperial e a explicará, si isto for urgente e não lhe permittir que aguarde a communicação que prometto.

Quanto ao Ministro do Mexico parece que duas circumstancias atrahem a attenção do Governo Francez, o espaço que mediou entre o pedido de Audiencia e o dia para ella fixado, e o theor da resposta dada por S. Magestade O Imperador ao discurso pronunciado pelo mesmo Ministro.

Aquelle espaço de tempo (cerca de 30 dias) não me parece excessivo, e, tal qual he, foi determinado não por desejo de manifestar desagrado pela fundação da monarchia Mexicana mas por causas innocentes e circumstancias locaes que frequentes vezes retardam em todos os paizes a recepção dos Agentes Diplomaticos. E a resposta de Sua Magestade explica-se naturalmente pela exigencia da politica do Brasil em relação ás Republicas sul-americanas; politica que, nas circumstancias extraordinarias em que nos achamos, aconselha que evitemos tudo quanto possa ser allegado como justificação da infundada accusação que nos fazem de querermos influir, de combinação com Potencias Europeas para a introdução do systema monarchico no continente Americano.

Um diplomata brasileiro na corte de Inglaterra: o Barão de Penedo e sua época - Página 464 - Thumb Visualização
Formato
Texto