O Brasil e o colonialismo europeu

Nas páginas que seguem, encontraremos nos documentos apresentados as origens da mais variegada espécie desse sentir que, depois de gigantescamente se hipertrofiar, avassalou longos períodos históricos. Veremos, também, o paradoxo de muitas de suas consequências, assim como desesperadas tentativas do espírito humano, quando alucinado por psicoses coletivas pretende mudar a face da terra, no afã de transformar nações deserdadas pela natureza em pletóricas de bens naturais, por imposição da sua simples vontade, "Assim o quero e há de ser", atitude absurda, gênese de conflitos quando recorre à violência para a sua consecução. Exemplo algum mais eloquente podemos desejar no presente caso senão o da Itália nestas últimas décadas. Nação profundamente traumatizada no século XIX pela campanha destinada a unificar a península norteada por ideais nacionalistas, deixou-se invadir pelo vírus do "Stupide XIXe. Siècle" reinante na Europa. Outros países vizinhos serviram-lhe de modelo e contribuíram para as suas desgraças, invariavelmente oriundas do maléfico contágio. Mas de preferência a qualquer outra nação, vamos citá-la por nos interessar mais de perto, pelo fato de ser latina e pelas levas imigratórias que nos mandou. Nesse exame, verificamos ter voltado a Itália nas vésperas do primeiro conflito mundial à angústia que a atormentava no Risorgimento, e mais ainda, no mesmo período da segunda conflagração, quando os que a arrastavam para a fogueira pensavam assim proceder por patriotismo. O anseio em si respeitável, foi nas duas eventualidades completamente desvirtuado pelo nativismo a soprar no Velho Mundo, em que se aninhavam planos dos inevitáveis aventureiros que medram em todos os surtos de caráter nacionalista.

Organismo frágil por falta de recursos naturais, afligido por população excessiva, a Itália não podia colher outro resultado da sua desatinada resolução, que

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