No correr da monótona travessia, adejou sobre o barco um zepelim com destino a Pernambuco. Hurras entusiásticos foram proferidos pela inglesada a bordo, enlevada pelos primos alemães, como diziam, atitude que nos levou a recordar, no estado de espírito em que nos encontrávamos, a frase de Letícia Buonaparte, "Pourvou que ça doure", reeditada no momento por canções irônicas a respeito da situação do mundo.
Em S. Paulo viemos encontrar elementos oficiais, ou pelo menos oficiosos do fascismo, quase mais partidários de Hitler que de Mussolini. Alguns chegavam a proclamá-lo o maior homem do mundo! Numa dessas ocasiões discutiu certo comerciante francês com um poetastro egípcio-toscano, em má hora erigido professor na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, o qual procurou rematar a conversa bastante ácida com a promessa de que iria em pouco visitar o outro na França. Mas o faria à testa dos camicie nere a fim de reaver a parte da Savoia que Napoleão III roubara à Itália. Respondeu-lhe imediatamente o francês sentir-se tranquilo desse lado da fronteira, pois, "pour vous nos douaniers suffiront". Diariamente repetiam-se incidentes semelhantes a demonstrar a incurável suficiência dos europeus, fossem quais fossem. Discutiam, injuriavam-se, ameaçavam-se, mas invariavelmente olvidavam o fiel da balança, o dono da hora representado pela América do Norte, pelo simples fato de não pertencer à Europa! Pode-se afiançar que os desastres germânicos de 1914 e 1939 manaram da mesma fonte, de não querer o presunçoso tudesco admitir o poderio dos Estados Unidos, incomparavelmente mais ricos e poderosos que a Alemanha, porém avessos ao militarismo.
Através dos trabalhos aqui reunidos, chegamos ao período de pós-guerra em que vemos a Europa mais uma vez salva pelos americanos. Tanto o russo oriental como o europeu ocidental foram igualmente socorridos