O Brasil e o colonialismo europeu

em momentos desesperados pelos exércitos da América. Livrara-os o providencial salvador quando o inimigo lhes punha o cutelo no pescoço. Depois, mitigou-lhes a fome, dispendeu 13 bilhões de dólares de auxílios diretos a governos e permitiu que outros muitos milhões os acompanhassem disseminados pelos seus turistas em toda parte onde passeavam. Com esta ajuda, puderam as nações europeias pensar feridas, reconstruir o destruído e completar as suas reformas sociais. Mas guardou porventura a caduca Alma Mater gratidão por quem a socorrera em lance extremo? Orgulha-se do filho adotivo que soube se mostrar em hora aziaga mais desvelado que os de suas entranhas? Reconhece, outrossim, a prodigiosa generosidade com que a sustenta enquanto não consegue diminuir a sua natalidade? No caso, seria atitude normal testemunhar afeto ao benfeitor. Nada mais justo e esperado. Alça-se, porém, o velho colonialismo europeu e a espumar de ódio vomita sobre a mão generosa. A caridade americana? Um insulto. O seu apoio? Um acinte. O seu interesse pela Europa? Evidente plano para reduzi-la à escravidão!

Do exposto, conclui-se que o homem europeu, às vezes estimável quando realmente culto — caso bastante raro, por sinal — torna-se perfeitamente odioso em conjunto, reunido a compatrícios com a mesma mentalidade. A sua psique, formada por séculos de rapina, não lhe permite ainda compreender os dissemelhantes. Como esperar que o infeliz portador de tão pesada carga possa entender outras gentes, mais jovens e saudáveis? Infinitos fatores condensados no século que antecedeu o atual, produzem-lhe antolhos constituídos pela defeituosa formação. Talvez o tempo possa melhorá-lo. É possível, posto não acreditamos muito no milagre. Em todo caso, se nos afigurou interessante estudar-lhe alguns aspetos através do depoimento brasileiro no processo que lhe é hoje movido perante a história.

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