O Brasil e o colonialismo europeu

prodigiosa arrancada descobridora de ilhas e de continentes. Nos domínios incorporados pelas navegações ao reino de Manuel, o Venturoso, que em hebraico significa Querido de Deus, destacou-se o Brasil, terra cujo nome fora sugerido pelo lenho vermelho encontrado nas suas matas. A essência era procuradíssima desde o descobrimento das ilhas atlânticas, como matéria corante empregada na indústria de tecidos da época, a ponto de haver quem suponha, também provir o apelido América de antigo termo italiano "ameri", sinônimo de rubro, de onde "terra de l'ameri" ou américa. Este apreço da tecelagem quinhentista ia provocar, entretanto, grande preocupação no Conselho del-Rei.

Numerosos corsários normandos e bretões eram bem recebidos no Brasil pelo indígena, porquanto não pretendiam se apossar da terra, mas apenas mercadejar com os seus primitivos ocupantes. Pelo menos ostensivamente assim procediam enquanto lhes faltassem forças para maiores empreendimentos. Logo depois da passagem de Pedr'Álvares por Porto Seguro, quando raros portugueses acaso surgiam no litoral, desenvolveram estes corsários, tidos pelos lusos por interlopos, tal atividade entre a indiada que o governo de Manoel I e sucessores se viram ante cruciante dilema: ou povoava a orla costeira com elementos seus em condições de defendê-la ou para sempre perdia a generosa dádiva do acaso. Dava apenas a escassa população do reino para o estanco da especiaria no Oriente, como afrontar o encargo de povoar a imensidade brasílica! Na conjuntura, recorreu a Coroa na América ao sistema já tentado nas ilhas do Atlântico, de capitanias hereditárias outorgadas a indivíduos em condições de explorar a concessão de modo útil para si e para a monarquia.

Era a um tempo recompensa e encargo. Despontara na Europa a lenda de riquezas americanas na esteira das naves de Colombo e de Vespúcio. Girava pelo

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