parecia ter-se transformado ela mesma em barco ancorado nas neblinas do norte. Do ancoradouro mandava naves em todas as direções com mercadorias made in England, que voltavam carregadas de matérias-primas e gêneros necessários às fábricas e subsistência do povo inglês, tráfico de vulto primordial que se prolongou no longo período entre Napoleão e as guerras universais nossas contemporâneas. Na sua vigência não só os componentes da Grã-Bretanha participavam do sistema imperial, como também dele dependiam países igualmente possuidores de colônias tais como Portugal e Espanha. Praticamente o globo terrestre necessitava tanto da Grã-Bretanha como esta do resto do mundo, em interação por completa diversa de hegemonias anteriores registadas na história. Seu feitio era mais especificamente de ordem econômica, não só de acordo com a época, como pela índole insular. A Inglaterra começava a incorporação de novos domínios por meio de força, mas depois intentava prendê-los ao sistema por laços comerciais. Não demonstrava a sua conquista caráter inteiramente militar como a de lusos e espanhóis. Limitava-se a intercâmbio mercante com as possessões, sem esforço para se impor pelo fascínio de suas criações nas letras e nas artes. Bastava-lhe estender subsídios materiais a regiões novas ou atrasadas, através de manifestações de comércio e de finanças e da organização que lhe aconselhava aclimar espécies animais e vegetais onde parecesse necessário ao desenvolvimento do império. Quanto a influências de outra origem da metrópole sobre as colônias, o seu exclusivismo prescindia de tal cuidado, indiferente ao proselitismo e à afeição dos "colonizados". O inglês depois de conseguido o seu desideratum, isolava-se rodeado de mares, a fim de sereno desfrutar o resultado do seu espírito prático, e... principalmente, do labor alheio.