O Brasil e o colonialismo europeu

Em matéria de colonialismo mercantil-militar nada se fez de mais perfeito. Conseguiram estadistas e mercadores do Parlamento e da City sistema de alto rendimento econômico, como jamais houve no mundo e provavelmente nunca se repetirá com semelhantes característicos. A ocupação da Índia mantinha-se no fim do século XIX com mínimo de despesa e máximo de proveito. Gastava a Grã-Bretanha largamente para assegurar a sua primazia naval, porém esta se manifestava benéfica para a indústria inglesa. Todas as peças de uma nave de guerra eram manufaturadas no seu território para maior welfare de seus operários, engenheiros, cientistas e mais classes da sociedade. Os exércitos de ocupação da Índia e alhures eram chefiados por ingleses regiamente pagos pelas colônias. As forças armadas da metrópole é que deveriam ser mantidas pelo contribuinte inglês (esteado sempre no Império), porém era justamente a parte menos importante e de menor vulto nas despesas militares do país, com que os súditos de S. M. menos gastavam e menos se interessavam.

No terreno financeiro dava-se o mesmo. Os capitais provenientes da City aplicados no exterior, obedeciam na sua inversão a critério prático, rigorosamente objetivo, precavido e utilitário, que fazia das vizinhanças da catedral de S. Paulo o eixo financeiro do mundo durante o século XIX e princípios do XX. Temos exemplo nas estradas de ferro das Américas tanto do norte como do sul do continente, a obedecer a traçado sempre estratégico na competição econômica. O caso da São Paulo Railway é típico, como já tivemos ocasião de neste mesmo livro mencionar. Percorria esta estrada de ferro pequeno espaço, porém, sito no escoadouro da maior parte da produção do Estado de S. Paulo. Assim sendo, o trecho privilegiado era como a ocupação da Índia, pois com pouco dispêndio proporcionava considerável provento. Passados anos, reduzida a privilegiada estrada a ferro-velho,

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