O Brasil e o colonialismo europeu

o estigma da servidão. Junta-se no caso a herança da tradição espiritual. O mesmo que sucedia nos campos de batalha, repetia-se em matéria religiosa. Julgavam os turcos no dia seguinte da entrada de Maomé II em Constantinopla, que a derrota grega significava a demonstração da excelência do maometismo sobre o credo cristão, pois Deus abençoara as armas do primeiro e amaldiçoara o segundo, quando permitira que o Islam transformasse Santa Sofia em mesquita. Os judeus, mutatis mutandis, também julgavam o seu credo monoteísta de muito superior à mitologia helena. Erravam, porém, de volta à Palestina enriquecidos pelo seu estágio no Egito, ao se julgarem o "povo eleito" destinado a reinar no mundo apoiados em Javé. A maior fonte dos seus males através do tempo veio desse engano. Confundidos perante o lábaro com os demais "colonizados", expulsos novamente de seus lares, foram os que mais exações padeceram de Cônsules, Procônsules e de legiões romanas. Mais do que qualquer outro vencido, viram-se alvo do desprezo e prepotência dos vencedores.

De nada lhes adiantou no transe a proteção do Deus de Israel, invocado nos templos entre lágrimas e lamentações. Baldadamente suplicavam que levantasse o seu vulto terrível contra os inimigos de seu povo e sadicamente os punisse até a décima geração. Foram dispersados, presenciaram a destruição do templo de Salomão, e carpiram com imensa dor a entrega do sagrado território dos sábios e profetas de Sion a nômades árabes, os quais semelhantes a rebanhos de caprinos suscitavam esterilidade por onde passavam. Tão débil se tornou a "nação", de tal modo reduzida a sua importância e o papel dos israelitas no império romano, que nada puderam para salvá-lo nem no Ocidente nem no Oriente. Presa de bárbaros como os demais remanescentes da mole latina erguida pelas armas, passaram daí por diante

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