a menos influir na multidão invasora em vias de organizar-se, dividida em reinos e impérios, que a vigorosa seita fruto da moral de Israel e da filosofia helênica, proveniente de essênios israelitas submetidos aos Tolomeus. A nova crença passou a demonstrar aspeto latino, pelo influxo da filosofia plotiniana, das leis de Roma, em povoações do império romano, desenvolvida quando a latinidade atingira o seu zênite, radicada no seu território e por fim triunfante na sua capital que erigiu em metrópole, não pela força das armas, porém pelo princípio do desprendimento de bens e amor do próximo.
Assim devia ser na lição do Divino Mestre. O desprendimento era a antítese da cobiça e avidez que incitavam à conquista guerreira. Infelizmente o surto do cristianismo no período da formação das nações que comporiam o chamado Ocidente perdeu a pureza inicial a despeito de contínuos esforços de clérigos e mais elementos de ordens religiosas, que nos séculos surgiram para defender e restabelecer os mandamentos. Do anseio da boa prática religiosa e dos imperativos políticos, nasceram estranhas dualidades, visíveis indiferentemente em todas as seitas originadas em Roma, em que o bom praticante, exemplar em sua casa e família, apoiava extramuros desígnios ambiciosos de príncipes empenhados em engrandecer territórios à custa de guerras mui pouco cristãs. Onde entravam interesses materiais, desapareciam mandamentos sagrados. Continuava a ética interpretativa individual, mas de acordo com imposições coletivas. Desenhava-se, destarte, a futura amoralidade colonialista patente quando Carlos V, campeão da Igreja Católica, o maior adversário da Reforma e do Islam, invadiu os Estados Pontifícios e deixou saquear Roma por tropas protestantes, das quais escapou o Santo Padre tão só graças às muralhas de Sant'Ângelo e subsequente fuga a Orvieto.