O Brasil e o colonialismo europeu

mundo novecentista ainda por alguns anos do "personalismo", que assegura através o sacrifício das massas o potencial destinado a acelerar o progresso. Depois de decorrido aquele passo, seriam toleradas discussões nos parlamentos para impedir o predomínio de um indivíduo, grupo, facção ou classe na sociedade. Antes, cumpria aceitar regímen de força avesso à igualdade, que traz a liberdade e favorece o individualismo. Daí, o aparecimento da reação marxista com o seu manifesto de 1848, velho mais de um século, que se elevava contra os chamados erros da Grande Revolução, em realidade, tão só efeitos de um excessivo antecipar num mundo ainda não preparado para recebê-lo.

Nos regimens criados pelo cataclisma de 89, admitia-se a perfeição do homem, que pela razão e moral prescindisse da férula administrativa do Estado. Criava-se "um cidadão tipo", no gênero do paradigma ideal anglo-saxão, obediente ao seu espírito cívico e consciência democrática nas relações com os demais elementos da sociedade, e não a regras mantidas por sanções emanadas do poder público, incumbido de por ele pensar e tudo resolver. Este homem, assim munido de desmedida liberdade, deveria segundo os princípios morais verificados benéficos ao povo, dispensar a outrem o melhor de sua capacidade, do seu esforço, da sua solidariedade social. A antecipação fez com que o espírito da maioria dos cidadãos dos regimens liberais democratas não correspondesse ao que deles se esperava. Mediava um abismo entre elocubrações de teoristas políticos oriundos da Grande Revolução e a sua aplicação prática. Na conjuntura, o livre cidadão em vez de se tornar útil à coletividade, prevalecia-se da situação para explorar a seus semelhantes.

Fácil nessas condições foi a Marx e Engels demonstrar os supostos "erros" da Liberal Democracia, posto não passassem de abusos cometidos à sua sombra, mas

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