que pelo vulto tinham-se tornado intoleráveis. No seu entender, semelhante estado de coisas só terminaria quando contra ele se voltasse a violência expressa pela luta de classes e a revolução. Aplicada a fórmula na cobaia russa, a primeira consequência foi a supressão da igualdade geradora da liberdade. Se todos são iguais, como exigir Stalin a passividade de Kruchev ou Bulganin? E, sem o predomínio do primeiro, como aplicar a violência? Onde há discussão sobrevém divisão de poderes, e do seu fracionamento mana liberdade e da liberdade a desobediência. Revoluções sociais baseadas na violência tornam-se impraticáveis sem a concessão de poderes discricionários aos seus executores.
Estava, destarte, formado o clima do ditador. Da guerra de 1914, que propiciou a implantação do marxismo na Rússia por obra do Estado-Maior Alemão à revelia do povo russo, emergiram os potentados de maior ou menor tomo da nossa época. Presenciou-se então o fato espantoso de eclodir na Itália a ditadura fascista. Muito diversa da Rússia esta nação moderna, formada em 1870, portanto das mais jovens da Europa, conseguira reeditar a tradição romana no culto à jurisprudência. Do vinco formado, apresenta-se o povo italiano como um dos mais afeitos à legalidade, símbolo de proteção às instituições livres dentro dos princípios democráticos. No seu território medrou o socialismo humanitário parecido com o da irmã latina, a França, onde se registava fenômeno parecido. Era o tempo dos Labriola, Jaurés e mais protótipos do cidadão paradigma da Liberal Democracia bem pensante a despeito do seu marxismo teórico. Todos alimentavam o mesmo horror à violência, a começar pelas guerras de conquista entre europeus, porquanto voltada contra antípodas eram perfeitamente admissíveis. Entretanto, foi a Itália o primeiro Estado do Ocidente a sucumbir em consequência do clima revolucionário favorável ao ditador! Apoderou-se