o comportamento deles, mal vistos pelos habitantes da ilha que lhes atribuíam pecados nefandos com outros escravos da terra, que os designavam pela palavra "tibiro, que quer dizer paciente", relatava Manoel Bras. Além desse benévolo informante, Luisa Fernandes, mulher do carpinteiro Gaspar Afonso, morador na Maré, soubera por um negro angola de apelido Joane (mais um), que o xará índio, "ora de novo especialmente faz o pecado nefando com Constantino índio brasil de Gaspar Lobo em Maré, usando de fêmea com o dito, amancebados como se foram homem com mulher".
Tampouco foram queimados porquanto depois de sete ou oito anos não se sabia se eram forros ou se continuavam escravos, mudados para a freguesia de Itaparica. Vemos igualmente que brancos, índios e pretos tinham as mesmas taras que hoje os seus descendentes, apesar de sofrerem outrora a pressão da Igreja, ameaçando-os com penas terríveis, obrigando-os a maior circunspeção e dissimulação.
Os índios de família Tupi, antigos donos da terra, sob nome genérico Tupinambá, ainda eram numerosíssimos na cidade e adjacências no primeiro quartel do século XVII. Muito mais que os africanos, como é fácil verificar em documentos da época. Poucos restariam das tribos amigas e adversas do Caramuru, tragados pelas guerras (só a repressão de 1558 lhes custou acima de dez mil indivíduos), pelo regime servil e pelas epidemias. Mas os que pereciam eram substituídos pelos cativos alcançados onde houvesse "justa guerra", no sertão e em capitanias muito distantes da cidade do Salvador. Segundo missionários jesuítas os seus catecúmenos na Bahia chegavam a 40 mil no governo de Mem de Sá, distribuídos pelas aldeias de que já tratamos. Nas vésperas da visitação do Santo Ofício encontravam-se reduzidos a menos de dez mil. Nesse espaço escrevia Anchieta desolado aos superiores de Portugal