combalidos pela provação, descrentes do poder milagroso dos mestres que não os salvara do mal. Em 1552 novo surto que se supõe trazido por navegantes eclodiu com efeito igualmente desastroso, seguido de outro — o chamado sarampão — que era a horrível varíola preparada no soro de cultura das cidades europeias, apertadas em muros de defesa, afogadas em imundices. Em 1562 o contágio matava na Bahia cerca de 30 mil indígenas, tornando a aparecer nas aglomerações causada pela falaciosa "guerra justa", que tinha arrebanhado o gentio protegido pelos inacinos em Sergipe. A mortandade não poupava ninguém, nem os cativos, nem os captores, nem os poucos escravos "da Guiné" que iam aparecendo nas vizinhanças. Dizia o Padre Leonardo do Vale, "Audivit Deus clamores Sodomorum et Gomorrorum erat ut diuturnae audaciae luerit", ante o espetáculo da iniquidade bafejada pelo próprio Governador contra a obra missionária às voltas com a cobiça dos povoadores.
Na mesma data aparecia em Ilhéus, e como coincidisse com os distúrbios provocados pela errônea chamada Santidade, dizia o mesmo jesuíta que o pecado fora castigado, "com uma peste tão estranha que porventura nunca nestas partes houve outra semelhante". Como de costume (até hoje é assim) atribuía-se a epidemia às mais variadas origens. "Alguns querem dizer", escrevia o Padre, "que se pegou da nau em que veio o Padre Francisco Viegas, porque começou nos Ilhéus mas parece mais certo açoute do Senhor, e começar aonde os romeiros primeiro começaram a correr a Santidade". Tendo em conversa participado a notícia a um rapaz pernambucano, informou-lhe o viajante com mais probabilidades que a doença partira da capitania de Duarte Coelho, assistindo ele pela costa baiana abaixo tanta destruição que se não podia sepultar as vítimas, custando aos índios "enterrar uns a outros, e onde antes havia 500 homens de peleja não havia agora 20".