a seu marido um buxo de peixe, "recheado com cousas de feitiçaria e lho trazia inquieto". A dita mestiça era irmã colaça de Fernão Cabral, "era casa de quem muito tempo morara, feiticeira com arte do diabo e tinha uma cobra dentro em uma botija que fizera arribar uma ou duas vezes o navio em que ia degredada". Seus costumes estavam de acordo com o feudo em que Fernão se encastelara em Jaguaripe, onde se davam toda sorte de bruxedos e infrações à religião.
O traço marcante do seu caráter, agravado pela persuasão de impunidade galardoada pelo dinheiro, era não suportar resistência a seus desejos e vontades. Era fama geral que mandara atirar na fornalha do engenho uma "negra da terra cristã" (índia) porque tinha vício de comer terra, "a qual estando se queimando chamou por Deus e Nossa Senhora e por todos os anjos do Paraíso que lhe acudissem e despois chamou pelos fiéis e gente do engenho que lhe valesse e ninguém acudia com medo do dito Fernão Cabral". Acrescentavam as testemunhas do fato que o reinol impedira um mais corajoso de socorrer a infeliz, que estava prenhe e estourou no fogo largando a criança nas chamas.
Do seu erotismo há notícias mais divertidas. Quando tinha "conversação" com alguma conquista, provavelmente conseguida a troco de dinheiro, dizia as palavras da consagração, fiado nas promessas de feiticeiras, para desse modo prender o afeto das suas namoradas. A propósito, queixava-se a respeitável Luisa de Almeida, de que ele a cometera dentro da sua Igreja de Jaguaripe onde fora assistir missa, "para ter com ela ajuntamento carnal desonesto", ali mesmo, enquanto esperava pela rede que a devia transportar para casa. Ao mesmo tempo nos revela