A Bahia e as capitanias do centro do Brasil (1530-1626). História da formação da sociedade brasileira. Tomo 3º

o fidalgo no patacho vianês "Manja Léguas" com os funcionários que também acabavam o seu tempo. Para substituí-lo nomearam Enrique Correia da Silva, que depois de aceitar o cargo recusou tomar posse. O motivo provinha das pretensões dos Albuquerque Coelho de Pernambuco, desejosos de evitar a todo transe intromissões de governadores na administração da sua capitania. Vimos como fora o próprio donatário, surpreendido pelo Desembargador Carvalho em flagrante delito de contrabando de pau-brasil, e compreende-se o seu afã na circunstância.

O novo Governador Diogo Mendonça Furtado chegara da Índia a Lisboa com boa reputação, tido por probo e capaz, digno do posto que na América lhe confiavam. Os escritores do tempo não parecem indulgentes para com o malogrado procônsul, feito bode expiatório de uma situação que não criara. Diziam que "andava requerendo na corte satisfação de seus serviços", coincidindo o pedido com a vacância do governo do Brasil, concluindo daí, lograra por acaso posto acima de suas forças. Em realidade, limitava-se o erro do escolhido em não recusar o cargo como fizera Correa da Silva. Recusas sucessivas, partindo de homens de responsabilidade, teriam provavelmente impressionado o público, obrigando o governo a mandar para o Brasil um Governador provido de maiores poderes e recursos, mas a fatalidade colocara Mendonça ante um cargo que lhe convinha e o destino se cumpriu.

Os relatos de viajantes e funcionários sobre as defesas da colônia eram deploráveis. Escrevia Linschotten, que esteve na Bahia no século XVII antes de seus patrícios a invadirem, dispor a defesa da capital de apenas três companhias de soldados, de cem homens cada uma, de onde o Governador tirava alternadamente a sua guarda pessoal. Excluindo do número os doentes e licenciados, ainda mais reduzida ficava a irrisória guarnição da principal praça da colônia. Além disso, nem as maiores povoações, nem a enorme extensão da costa possuíam fortificações dignas

A Bahia e as capitanias do centro do Brasil (1530-1626). História da formação da sociedade brasileira.  Tomo 3º  - Página 320 - Thumb Visualização
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