extensa carreira de navios a manobrar pelo estuário além do alcance da antiquada artilharia de terra. Arvorava sob o alvo velame paveses de guerra encarnados, atrás dos quais ouvia-se o toque das trombetas bastardas dando ordens à tripulação. As flâmulas e bandeiras ondeavam desde o alto de antenas até varrer o mar, proporcionando um quadro majestoso que segundo o futuro estilista, enlevaria os presentes não fosse o compreensível temor que os invadira.
Repelido o parlamentário que o almirante mandava à cidade, travou-se o desigual combate. "Viraram logo as naus enfiadas sobre a terra", escreve Vieira, "e, por onde iam passando descarregavam os costados na cidade, forte e navios, que estavam abicados na praia, o que continuaram segunda e terceira vez, até que depois do meio-dia puseram todos proa em terra, e as ires dianteiras em determinação de abalroarem a fortaleza". Impediu-lhes, todavia, o intento os baixios que a rodeavam, devendo as naus se limitar em colocar-se a frente do parapeito, que batiam com as peças de bordo enquanto procediam ao ataque por lanchas. Os defensores eram animados por Fr. Gaspar do Salvador que os levou a resistir o quanto puderam. Conseguiram com os meios de que dispunham avariar o "Groeninghen", que mais se expusera, matando-lhe o comandante no correr do assalto, mas sem o mesmo sucesso contra Pieter Heyn, que à frente de seus soldados tomou conta do forte do Mar. A muito custo chegaram os sobreviventes à praia, onde o Governador entrou na água até o pescoço para salvar Lourenço de Brito todo ensanguentado pela refrega.
Vencida a resistência da ilhota, voltou-se o inimigo para os navios carregados de açúcar, que os portugueses tinham tentado destruir ateando-lhes fogo debaixo de chuva. Ainda puderam os flamengos apagá-lo, por vagaroso que estava, ressentindo de falta de inflamáveis de fácil e