A Bahia e as capitanias do centro do Brasil (1530-1626). História da formação da sociedade brasileira. Tomo 3º

intensa combustão, e deles se apossaram o que representava vultosa presa de guerra. Pouco antes fora atingido por um pelouro "nas queixadas", na janela onde acompanhava o desenrolar da luta, o cristão-novo Pero Garcia, casado com a viúva do Bângala de quem extensamente já tratamos. Ao receber a visita do Governador disse-lhe que estava bom, porquanto naquela hora os enfermos saravam e das fraquezas faziam forças. Antes de morrer reconciliou-se ainda com Enrique Álvares, que pouco depois também seria mortalmente ferido.

Na confusão a atitude geral do povo era de estarrecimento. Dirigidos pelo inglês ou flamengo Duchs, que estivera prisioneiro na Bahia, desembarcara facilmente a tropa de assalto na outra ponta da cidade, diante do forte de Santo António, e depois de atropelar os defensores da praia, rumou para a porta do mesmo nome. O refluxo dos que deviam defender praia e cerca semeou o pânico na população, que passou a tratar do salvamento das famílias e haveres que fosse possível transportar. Nessas condições toda resistência se tornava inútil, resolvendo o Bispo retirar-se para não cair nas mãos dos hereges, e instado pelo jesuíta Manoel Fernandes para que não desamparasse o Governador, exclamou, desta feita acertadamente, que sozinho não podia defender a Bahia seguindo para a quinta do tanque pertencente aos jesuítas. Lá tinham os inacinos reunido as alfaias de igrejas e capelas, os velhos, doentes e noviços, cujo acúmulo e proximidade da luta fizeram com que o prelado pouco se detivesse, continuando a marcha para a aldeia também jesuíta do Espírito Santo. Enquanto isto, os holandeses se acercavam da presa para ao romper da aurora dar a definitiva investida, realizada sem mais combates por falta de adversários. Tinham preferido os portugueses abandonar a cidade indefensável, perante um inimigo esmagadoramente superior, e recorrer à

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