A Bahia e as capitanias do centro do Brasil (1530-1626). História da formação da sociedade brasileira. Tomo 3º

armazéns, restabelecendo-se aos poucos a tranquilidade, começando a aparecer alguns "oficiais mecânicos", mais velhos e enfermos na qualidade de inofensivos, e mercadores judeus. Aos poucos o seu número aumentou com os portugueses, espanhóis e negros de Angola capturados nos barcos que entravam no porto sem saber dos acontecimentos. Entretanto, a tática guerrilheira movida pelos portugueses começara a dar frutos, os holandeses praticamente sitiados, tornando-se para eles um problema obter carne e outros gêneros de primeira necessidade. O comandante Van Dorth, tendo-se arriscado com pequena escolta extramuros, foi surpreendido e morto. Continuavam, porém, os invasores a se organizar dentro da cerca de Diogo de Mendonça. A situação alimentar não era má de momento, graças ao que fora encontrado nos armazéns e casas, todavia não era de pletora. Mandou o Almirante que se distribuísse a mesma ração dos soldados aos portugueses atraídos pela promessa de voltar seguros para as suas casas a troco de obediência aos Estados Gerais, e pagamento dos mesmos dízimos e impostos anteriormente pagos aos portugueses. Aos religiosos, com exceção dos jesuítas, deveriam ser devolvidas às igrejas, capelas e conventos, sendo-lhes permitido oficiar de portas fechadas. Como, porém, se recusassem unanimemente aceitar tais condições, demonstração de que proviria do clero a maior oposição aos planos dos invasores, voltaram-se os holandeses contra a Sé, que transformaram em templo protestante depois de quebrados os altares e as imagens sacras. A Igreja do colégio também se viu rebaixada à adega de vinho; Nossa Senhora da Ajuda em armazém e a de São Francisco em moinho.

Os mosteiros não tiveram melhor sorte, passando o de franciscanos a quartel de soldados, e o noviciado de jesuítas a residência do pastor evangélico e sua família, que do santuário onde os padres colocavam as suas venerandas

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