História de D. Pedro II, 1825-1891 3º volume Declínio, 1880-1891

lei representava a última palavra no assunto. A extinção da escravatura passara a ser, já agora, uma questão apenas de tempo: dependia somente da execução da lei. Cessada que fora a importação dos Negros, e libertado depois o ventre da mulher escrava, ficavam consequentemente fechadas as duas únicas fontes de escravidão. O essencial agora era executar fiel e integralmente a lei de 1871. O problema se resolveria depois por si mesmo, à medida que os anos passassem, sem maiores abalos nem prejuízos para a ordem política, social e econômica do país. "Não perturbem a marcha do elemento servil" - fora a frase do visconde do Rio-Branco, agonizando, no seu leito de morte.

A persuasão em que estavam o Imperador e os políticos, de que a Lei do Ventre Livre bastava para resolver o problema da escravidão, era certamente exata em si mesma. Somente, nem ele nem os Ministros cogitavam de indagar se a nação estava disposta a pacientar durante tantos anos, à espera de que se operasse lentamente o mecanismo daquela lei, até o desaparecimento do último escravo no Brasil. Não previam um desses acessos de consciência, tão comuns na história dos povos, em virtude do qual a nação brasileira tomaria a si, um dia, precipitar quase violentamente uma solução que a Lei do Ventre Livre só podia proporcionar num prazo de mais de meio século.

E foi precisamente o que aconteceu.

História de D. Pedro II, 1825-1891  3º volume Declínio, 1880-1891  - Página 38 - Thumb Visualização
Formato
Texto