História de D. Pedro II, 1825-1891 3º volume Declínio, 1880-1891

II

Durante cerca de oito anos, isto é, de 1871 a 1879, o país, na sua quase totalidade, aceitou como definitiva a solução que oferecera a Lei do Ventre Livre. A questão da abolição passou a ser apenas um tema de literatura, fora das cogitações diárias do Governo e do Parlamento. Se nem todos, principalmente os senhores de escravos, se conformavam voluntariamente com os efeitos daquela lei - e a prova é que procuravam burlá-la o mais possível - a maioria da nação estava de acordo com os seus dirigentes quanto à certeza de que ela resolvera definitivamente o problema. "A chamada Lei do Ventre Livre - dirá mais tarde um estudioso do assunto cujo projeto havia motivado cisões partidárias e malquerenças irredutíveis, passou a ser vista, nos primeiros tempos, e mesmo até alguns anos depois de sua promulgação, como obra perfeita, intangível. Não admitiam os seus propugnadores se duvidasse da sua eficiência, tanto lhe parecia ser ela a última palavra para a solução do temeroso problema"(1). Nota do Autor

Essa calmaria foi despertada com os primeiros arrancos do movimento chamado propriamente abolicionista, verificado nos fins de 1879 e princípios de 1880. E por uma dessas contradições comuns na história dos regimens parlamentares, sua aparição coincidiu com a presença no poder do partido liberal.

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