deficiente como era então o Brasil, de abalar uma opinião pública amorfa, para com ela despertar a mentalidade anquilosada dos partidos e dos Governos. Se no começo, muito poucos lhes deram atenção, em breve eles se faziam escutar. E os seus gritos, seus discursos, seus artigos, acabaram por vencer a resistência que lhes opunham os interesses conjugados dos políticos e dos fazendeiros. Foi forçoso, afinal, respeitar a tenacidade nunca vista desse grupo de fanáticos, que se propusera propagar a ideia por todos os meios adequados, sobretudo em conferências públicas, realizadas nos principais teatros das cidades. Se lhes recusavam uma sala, recorriam a uma segunda, depois a uma terceira, e desta para aquela, daquela para uma outra. Tinham uma tenacidade e uma fé de apóstolos. Nada os detinha. Nada os esmorecia. Prestavam-se a todos os papéis, e a tudo recorriam. Eles mesmo varriam os teatros ou as salas de conferência, abriam-lhes as portas, pregavam os cartazes, distribuíam os programas, vendiam os bilhetes. Nas quermesses, que promoviam em benefício dos negros, eram eles os leiloeiros de sua ideia. Nos jornais, eram a um tempo os redatores, eram os revisores, os repórteres, os distribuidores. Nas ruas, nos cafés, nas salas de espetáculo como nas salas de baile, nos bondes, nos trens, nas estações das estradas de ferro, nas igrejas e, até mesmo, nos cemitérios, esse grupo se agitava, se oferecia, se impunha, agia, falava, reclamava, gritava - e pouco a pouco vencia...