História de D. Pedro II, 1825-1891 3º volume Declínio, 1880-1891

para poderem arcar com semelhante tarefa. O Imperador apelou então para o conselheiro Saraiva, o chefe liberal de sua predileção, em cujo anterior governo se realizara brilhantemente a votação da nova lei eleitoral.

Saraiva, porém, escusou-se: alegou a impossibilidade de organizar ministério homogêneo em torno de uma questão que dividia tão profundamente, não apenas o Parlamento, mas também o seu próprio partido. Afastado o nome de Saraiva, restavam os de Sinimbu, Ouro-Preto e Dantas. O primeiro era sabidamente contrário a qualquer manifestação do Governo sobre a questão da escravatura; Ouro-Preto entendia que não se devia assumir nenhum compromisso, sem que fosse antes resolvido o problema financeiro, o que valia adiar a solução, que era urgente, para uma época remota; restava, portanto, Dantas. Veio Dantas.

Dantas era já então um dos chefes mais em evidência do partido liberal. Na política do Império, era um veterano. Como Saraiva, como Rio-Branco, como Abrantes, como Cotegipe, e tantos outros políticos do primeiro plano, pertencia à província da Bahia, esse ninho de estadistas da monarquia - fonte de talento, como a chamava o conde de Arganil, cardial patriarca de Lisboa.

Apesar de suas maneiras aparentemente despretensiosas, Dantas era guiado por uma grande ambição, talvez a única verdadeira ambição de sua vida: a de ser o chefe único do partido liberal, o pontífice máximo de sua grei, aquilo que todos reconheciam em Cotegipe, nos últimos anos do Império, dentro do partido conservador.

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