História de D. Pedro II, 1825-1891 3º volume Declínio, 1880-1891

Esse sonho ele o devia entreter toda a vida: não o realizaria jamais. Faltaram-lhe, para isso, não poucos predicados, sendo o principal deles, talvez, uma firmeza maior de convicções e, mesmo, de caráter. O fofo ministro Dantas, era como o chamava Rebouças. Dantas era desses políticos que raramente tomam uma posição definida, que vivem apalpando o ambiente, numa irrequieta maleabilidade, que só dizem e só pensam o que ouvem em redor de si. Extremamente oportunista, procurava sempre aproveitar-se da atmosfera que o cercava para nortear os seus passos. Um navegador à vela. Homem que raramente enfrentava uma situação ou atacava de frente um problema. Fugia sistematicamente às complicações. Na primeira dificuldade séria abdicava suas convicções, renunciava seus princípios e largava prontamente os amigos. Haja vista o que fez com Ruy Barbosa, por ocasião da organização desse seu ministério, quando, a uma leve insinuação do Imperador, deixou o seu correligionário e amigo de toda a sua família inteiramente à margem(8). Nota do Autor

Era, entretanto, um dos estadistas mais populares do seu tempo; e, no fim do Reinado, nenhum outro, talvez, o sobrepujava nesse particular. Isso devia-se a seus dotes excepcionais de espírito. Num meio de políticos em geral carrancudos, onde a sisudez era a regra, Dantas salientava-se pela extrema afabilidade e expansão de seu temperamento. Era um homem que trazia sempre o sorriso nos lábios. Vivia aos abraços. Falava com todo o

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