PALAVRAS PRÉVIAS
Tivemos três reis.
D. João VI, manso e próvido fundador da monarquia americana; D. Pedro I, que proclamou a Independência e coroou-se Imperador; e esse frio e tranquilo D. Pedro II que ilustrou um dos mais extensos reinados da História.
Traçamos, em painéis isolados, os retratos deles.
O quieto e esperto avô; o filho trêfego e aventureiro de cálida vocação heroica; o neto sábio e cauto, um dos mais serenos e nobres espíritos do seu século. Demos-lhes apelidos que são julgamentos: ao "Rei do Brasil" (como lhe chamavam, ironicamente, os diplomatas estrangeiros) sucedeu o "Cavaleiro", último forte de uma raça ousada, de paladinos românticos, e a este, com o seu perfil de magistrado, a mania da erudição, o gosto das letras, o irredutível gênio civil, o "Filósofo".
É um tríptico, de quadros verídicos.
O historiador não pôde ser apologista. O panegírico é a outra face - leviana e passageira -, da crônica que pretende rasgar em pedra formas definitivas. Quando a arte de narrar se desprendesse da influência política - insensível e tenaz - que sutilmente lhe corrompe os intuitos, a luz da História, derramando-se pelos panoramas do passado, seria também