XXXIX
SOL POSTO
O Imperador viu-se no Porto sem recursos, sequer para as despesas do transporte do féretro de Tereza Cristina, do hotel, das suas inevitáveis esmolas.
O conde d'Eu resumiu-lhe a penúria, escrevendo então a Nemours: "Pour ce qui est de la situation financière, elle est en ce moment réduite à zero..."
O cônsul Rebello, a quem Motta Maia expôs todo aquele embaraço, lembrou-se do visconde de Alvares Machado, rico e digno português que fizera no Brasil a opulência, e se sentiria honrado, ajudando com um empréstimo a D. Pedro II.
Avisado pelo cônsul, Alvares Machado precipitou-se para o hotel, a oferecer quanto necessitasse Sua Majestade. O médico declarou-lhe que 20 contos fortes bastavam. Seria reembolsado com o produto da venda, no Rio, dos haveres imperiais, quando os procuradores, o visconde de Nogueira da Gama, seu filho José Calmon, e o conselheiro Silva Costa, conseguissem liquidá-los. Referia-se aos móveis, aos objetos de S. Cristóvão. A preciosa biblioteca, de 60 mil volumes, esta o Imperador dava ao Brasil. Benfazejo milionário! Os seus vinte contos obstaram a que fosse Motta Maia bater a