algum banco, publicando-se infalivelmente a deplorável notícia, de que um soberano recorria a penhores, a fim de trasladar o corpo de sua Imperatriz, com o necessário decoro, para o panteon de S. Vicente; e permitiram que a viagem, para o sul da França, se fizesse em ordem.
Até julho de 1890, quando novamente se achou sem vintém, recebeu do Brasil somente 2.200 libras, da lista civil que se lhe devia.
Motta Maia, Algezur, os íntimos, alarmavam-se com o incerto, melancólico futuro. Parecia ele insensível a essas apreensões. Como nunca levara dinheiro nos bolsos, pouca falta lhe fazia agora. Dir-se-ia que contava os dias de vida pelas economias restantes. Não pensava durar muito. Além disso, o espírito fatigado enevoava-se, de uma lenta e macia penumbra: seria o que Deus quisesse!
Em abril, em Cannes, no hotel Beau Séjour, adoeceu gravemente.
Acorreu Charcot. Era a enfermidade de Milão, entretanto atenuada: "cette fois, à Cannes, il s'agissait surtout du surménage moral, si je puis ainsi parler, et il suffit de se remettre en mémoire les tristes et douloureux événements survenus quelques mois auparavant, pour comprendre..." Queixava-se da fraqueza de pernas, da apatia, da sonolência, com um permanente desejo de deitar-se, "a memória perfeita, sempre presente, essa memória admirável, cujo poder tantas vezes tivemos ocasião de verificar". Restabeleceu-se com lentidão. Recebia muitas cartas, de seus amigos europeus; as do Brasil, escassas, penosas, remexendo saudades, que pungiam. Alphonse Karr, pouco tempo antes de morrer, escreveu-lhe pedindo permissão para vê-lo, em Cannes: "L'ingratitude et la trahison n'ont