O devassamento do Piauí

Barros contaram, apenas, o merecimento dos serviços, para os requerimentos de mercês reais, quando lembravam a D. João III que haviam descoberto no Maranhão "mais de 500 léguas de costa", entrando o rio Maranhão "como outros muitos grandes e notáveis e resgatamos alguns homens que nela andaram, dos que se perderam com Luís de Melo". Enfrentaram os franceses e o gentio da terra, consumindo nessas empresas "perto de cinco anos, sustentando tudo sempre a custa de meu pai, até gastar quanto tinha". Segundo tais documentos, essa segunda expedição deve ter ocorrido de 1550 a 1555.

Luís de Melo, a quem se refere a narrativa, mereceu largos períodos de Frei Vicente do Salvador, que era filho de um alentejano vindo com ele, e alistado entre os seus soldados. Gabriel Soares também o menciona no seu Tratado. É pena não tenham ficado maiores dados, a respeito dessa figura da primeira fase de nossa história. Sabe-se que explorou durante algum tempo o litoral brasileiro, em uma caravela, "para descobrir alguma boa capitania, que pedir a el-rei". O tempo e as águas o arrastaram ao Maranhão, que lhe pareceu propício aos seus desígnios aventureiros, confirmando-se nessa intenção, depois de ouvir narrativas de alguns soldados, remanescentes da expedição de Orellana ao Amazonas. Não obstante o exemplo do desastre, a morte do explorador, a miséria dos que restavam desse empreendimento, parece que Luís de Melo considerou ainda suficientemente animadoras as novas sobre as maravilhas do grande rio. Voltou a Lisboa e solicitou ao Rei licença para a empresa, que não era estranha aos desejos da Coroa que, mesmo alguns anos antes, determinara preparativos para uma esquadra, que se acredita não ter chegado a partir. Pouco depois, Luís de Melo regressava ao Novo Mundo, numa pequena armada de três naus e duas caravelas, com as quais se perdeu antes de qualquer

O devassamento do Piauí - Página 12 - Thumb Visualização
Formato
Texto
Marcadores da Obra