O devassamento do Piauí

de Canabrava (Documentos Históricos, XIII, 17). Diz o capuchinho que os brancos mataram 180 homens e cativaram suas mulheres e filhos, "au nombre d'environ cinq cents". Numa carta de Roque da Costa Barreto, de 17 de março de 1678, informa-se: — O Capitão-mor Domingos Roiz de Carvalho me deu conta que descia com o gentio prisioneiro, pedindo-me lhe mandasse prevenir embarcações na Cachoeira. Entende-se que serão 500 almas e a este respeito fará Vossa Mercê ter as embarcações naquele porto" (Documentos Históricos, IX, 60). Voltava esse Capitão de uma expedição contra os índios de Canabrava.

Tudo vem corroborar a ideia de que a expedição ao S. Francisco, a que alude o capuchinho, seja de 1676, e não de 1679, ou de 1680, pois que fora antes desses sucessos de 1678 em Canabrava. Se procurarmos, a esse respeito, a concordância entre a narrativa do capuchinho e o depoimento dos documentos, havemos de ver que, segundo Martin de Nantes, a guerra no S. Francisco teve a direção de Francisco Dias de Ávila, em pessoa; uma portaria de 18 de junho de 1676 mandava fornecer munições ao Coronel Francisco Dias de Ávila, "por ficar pelejando com os bárbaros no Rio S. Francisco" (Documentos Históricos, VIII, 247). Uma carta do Governo-Geral mandava seguir um Cabo "em socorro do mesmo Coronel, que se achava provavelmente na barra do rio Salitre" (Idem, IX, 16; carta de 18 de junho de 1676).

Segundo ainda o capuchinho, os selvagens levantados haviam se assenhoreado dos currais nos dois lados do rio, depois de matar os donos e negros, em número de 85. Uma patente de Domingos Rodrigues Carvalho diz dos selvagens: — "vindo eles com grande poder a fazer nova destruição pelos currais, moradores e escravos naqueles distritos" (Documentos Históricos, XIII, 19).

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