O devassamento do Piauí

Chama-se rio dos Camarões. O mapa de Barleus já o menciona, entre os afluentes do S. Miguel, que era também conhecido como Cenembi, e atribuía, mesmo, alguma importância àquele afluente, denominando-o Potiguaçu e fazendo-o receber no seu percurso as águas do rio Potimiri (Potimirim).

Não está indicado, na demarcação descrita nas "Noções circunstanciadas", que o rio Putorig, ou dos Camarões, fosse afluente do Paraíba. Ao contrário, ele é apresentado como ponto de referência na confrontação pelo sul da sesmaria. A propriedade ficava no tabuleiro da Lagoa do Sul ou Manguaba, regada "dos rios nas nascenças do rio Puturig, ou dos Camarões; até onde se mete nos rios Paraíba Grande, Pequena, Satuba, e Mundaú", que fechavam, pelo norte, o referido tabuleiro.

Já o mesmo não se dirá do requerimento da viúva de Domingos Jorge Velho, pois que se alude a um rio Potingh, ou dos Camarões, afluente de um outro, Parnaíba, ou Paraíba. Observe-se, porém, que a referência se baseava num trecho do contrato para a guerra dos Palmares, quando essa região, sujeita à investida dos quilombolas, não estava ainda suficientemente conhecida. Talvez daí mesmo viessem as dúvidas e dificuldades para a confrontação das terras pedidas, e que levaram cerca de 20 anos para serem demarcadas, desde a Carta Régia de 24 de janeiro de 1693, até o título de sesmaria, a 6 de maio de 1716.

E o que há de incontestável é que a sesmaria foi demarcada em Alagoas e não no Piauí e que todos os requerimentos de Domingos Jorge Velho e seus sucessores, assim como as Cartas Régias, Alvarás e Provisões, ou as Consultas e pareceres do Conselho Ultramarino, ligavam essa concessão às cláusulas do contrato para a guerra dos Palmares. Nem seria possível, no ponto em que se achava a divisão de jurisdição entre os governos de Pernambuco

O devassamento do Piauí - Página 189 - Thumb Visualização
Formato
Texto
Marcadores da Obra