capitania, serviu de título um rio da zona sertaneja, um rio sem destaque, o Piauí, ponto obrigatório dos roteiros antigos para a entrada desses sertões.
Ainda que matéria de todo conjectural, é também interessante considerar o caso do rio Parnaíba. Ele sempre apareceu como Rio Grande dos Tapuias, Punaré, Pará, Paraguaçu. O título de Parnaíba começa a aplicar-se depois de 1680, por meio das cartas de sesmarias. Estabelece-se nos mapas a luta entre o nome novo e os outros, que a tradição ainda mantém algum tempo na cartografia, até que se faz a substituição, já em meados do século XVIII. O mapa de Lapie, de 1814, ainda registrava os nomes antigos e o moderno: "Rio Pará, Paraguaçu e Parnaíba". A designação dada no interior suplanta a que se impusera no litoral.
Pode-se admitir, como hipótese, que a denominação de Parnaíba viesse do primeiro trecho do rio, quando as corredeiras que o interceptam explicam um nome que quer dizer, em língua geral, "grande rio impraticável, ou inavegável". Era uma palavra que servia para designar "nos grandes rios os trechos impraticáveis, onde a navegação se torna impossível". (1) Nota do Autor.
É oportuno mencionar aqui a lição excelente de Varnhagen: — "Compõe-se este nome "Parahiba" de duas palavras, que significavam simplesmente "Rio-Mau". Para nomear os rios, que só deles agora nos cabe falar, os índios, como os mais povos na infância da civilização, empregaram, além das designações que lhes indicavam os sentidos, outros predicados puramente subjetivos, isto é, deduzidos das relações que com eles, índios, tinham os objetos nomeados. Aos primeiros pertencem, segundo o aspecto mais ou menos turvo das águas, os nossos inúmeros