Forçoso foi esperar que algum navio estivesse pronto a seguir para o Sul; e pois somente a 1° de agosto pude empreender a viagem, cuja tosca narrativa vai aqui transcrita.
Apesar de sua insignificância, impele-me o sentimento de gratidão a dedicá-la ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, mui benemérita e ilustrada corporação, que tanto me honrou aclamando-me, sem nenhum mérito de minha parte, seu presidente honorário, e da qual me ufano de ser hoje, mercê da bondade divina, o mais antigo consócio.
Devo entretanto notar que as observações consignadas nas páginas que seguem referem-se a fatos ocorridos há cinquenta e quatro anos passados, e não têm pois aplicação à situação atual das regiões, que então percorri e chegaram hoje a adiantado estado de civilização.
Mencionarei também que estas imperfeitas impressões de viagem eram destinadas principalmente à minha família na Europa, para quem a princesa, no paço de São Cristóvão cuidadosamente as recopiava; e que, recém-chegado ao Brasil, não estava eu ainda familiarizado com muitos dos usos especiais da terra, dando esta circunstância lugar a algumas considerações que já não oferecem interesse. Não quis porém suprimi-las para não tirar ao modesto escrito o cunho de originalidade, que é seu único mérito.
Castelo d'Eu, 10 de fevereiro de 1920.
GASTÃO DE ORLÉANS, CONDE D'EU (*)Nota do Autor