Viagem Militar ao Rio Grande do Sul

4. — Às seis horas embarcamos no Gerente. Despedimo-nos do presidente, do bispo e das outras pessoas notáveis. Passada uma hora, estamos fora da barra e dizemos adeus à província do Rio Grande do Sul, que o Cabral chama a terra dos bois. Todos os pensamentos se voltam para o Rio de Janeiro, cada vez com maior impaciência.

Por ocasião da vinda do imperador o governo fretara (muito caro, segundo dizem), o pequeno vapor Sancta Maria da Companhia de Santos; mas desta vez a grande Companhia dos Paquetes Brasileiros a Vapor, pôs gratuitamente à disposição do imperador um dos seus paquetes, que, para este fim, mandou consertar; e deu também suntuosa mesa, igualmente gratuita.

A escolha do paquete é que não me parece ter sido bem feliz; apesar de o tempo não estar mau, e com vento de Sueste que até é favorável, o vapor tem constantemente um balanço muito desagradável para quem não é bom marinheiro.

5. — Como a brisa refrescou, o enjoo, que começara pelo imperador, torna-se geral e eu acabo por pagar também o meu tributo. Por cúmulo de infelicidade, chove de tal maneira que temos de nos recolher aos camarotes. Pelas sete horas da tarde sente-se finalmente abrandar aquele movimento funesto; estamos no canal de Santa Catarina. Pelas nove horas e meia, por uma noite escura, desembarcamos no Desterro, surpreendendo a todos. O presidente da província vem encontrar o imperador já a meio caminho do Palácio; a Câmara Municipal nem chega a aparecer para proferir a sua alocução. Tanto melhor!

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