"leva-nos á certeza de que, o poeta foi suspeitado e condenado injustamente". E como poeta brasileiro, isto é, em cujos versos ressumbrasse o hálito da terra, em cujas rimas brincassem as nossas alvoradas, o nosso sol e os nossos crepúsculos, em cujas liras saltitassem, no chilreio alegre, os nossos passarinhos, gemesse o nosso carro de boi, ou cantasse loas e toadas o homem do Brasil. O seu bucolismo, postiço, importado, como ele o fora e a sua cultura. Gonzaga era um poeta que tinha os pés na Lusitânia, a cabeça no Olimpo e o coração pulsando por uma dama, por ele posta no ambiente estrangeiro dos seus versos. Esse alheamento ao ambiente, porém, não é assim tão censurável. Aquele emprego da mitologia greco-romana era um fenômeno geral na poesia. Foi uma influência prolongada, que nos demorou deixar. Mesmo depois do indianismo não será difícil encontrar, mormente entre os parnasianos, a marca da túnica das deidades pagãs...
Oliveira Lima enaltece Gonzaga no seu objetivismo, na sua sinceridade e delicadeza espontâneas e equilibradas, no seu poder de "adaptar com ligeira e infinda airosidade o guarda-roupa clássico ás urgências do seu naturalismo, e insuflar novos acentos ás cansadas figuras da fábula, sem transmudar em pomposa a expressão transparente, nem quebrar a unidade do seu panegírico". Vê-se aí perfeita convergência para o juízo emitido por Sílvio Romero.
Pelas opiniões alinhavadas aqui, estamos vendo que o consenso dos críticos não é de todo favorável à opinião do atual ocupante da cadeira de Gonzaga. O mais azedo dos juízos é o de Alcântara Machado. Não aceita, de maneira alguma, a brasilidade da poesia de Gonzaga e demonstra, servindo-se de Alvarenga, a ausência completa do ambiente nacional no estro