do poeta. Lembra José Clemente, Vergueiro e Barroso, que, ao contrário de Gonzaga, fizeram ao Brasil "a doação irretratável do coração inteiro".
Entre os modernos convém salientar Ronald de Carvalho, Agripino Grieco e Afonso Arinos de Melo Franco (para não ir mais longe nem alongar este balanço). O primeiro viu em Gonzaga um árcade mais humano e mais sincero nos seus dissabores, em cujo lirismo repontavam e se confundiam a "naturalidade das pinturas e a doçura do sentimento." E lembrou, mais adiante: os vícios literários, presentes na sua obra não lhe tiram a simplicidade, nem lhe dão o aspecto de "patacoada árcade-gongórica de Garção e Cláudio." A este propósito lembremos ainda as palavras de Sílvio Romero - João Ribeiro: aludem à "certa falta de variedade" como sendo o "defeito capital do lirismo mineiro do século XVIII", defeito que atingiu também a poesia de Dirceu.
Agripino Grieco diz no seu Evolução da Poesia Brasileira: "Liricamente, em todo o longo período colonial, só houve uma figura digna de deter a pena dos historiadores das letras: Tomás Antônio Gonzaga. Mas Gonzaga jamais esqueceu a sua procedência lusa". Completando este pensamento, escreve mais adiante: "Muito apegado, poeticamente, á península de que provinha, o requestador de Marília deu tanta exuberância à nossa paisagem quanto a uma paisagem de tapeçaria. Nunca interpretou a natureza local e o sentido brasileiro inexiste em sua inspiração. Suas bucólicas são de contrabando e, em geral, só se salvam porque realmente graciosas e finas".(2) Nota do Autor E, naquela linguagem