peculiar ao seu estilo, em que há, não raro ou quase sempre, uma acentuada mordacidade, enquanto reconhece em Gonzaga o mais importante e mais significativo poeta da Arcádia Mineira, diz-nos que o lírico de Marília não se adaptava ao ambiente nacional, em virtude de seu temperamento e da sua educação tipicamente lusa e aristocratizada. Ela lhe punha no espírito e nas ventas sensíveis uma certa aversão ao "cheiro de suor dos homens do campo" e o receio de que os pachorrentos bois de Minas lhe fossem rasgar as vestes de cetim e os punhos de renda...
Afonso Arinos de Melo Franco é um dos dedicados estudiosos de Gonzaga. Já vai para cinco o número de trabalhos seus em torno do poeta. Pois bem; nele vamos encontrar um juízo inteiramente oposto ao de Agripino, Getúlio, Alcântara Machado e quantos mais negam ao vate penetrabilidade ao meio. Vejam isto: "A verdade é que quando a gente se habitua á leitura de Dirceu e Glauceste, fica-se surpreso com a receptividade do primeiro, que era luso, ás invenções da língua simples do Brasil, e com a resistência do segundo, o nacional, a essas mesmas influências".
E, mais adiante: "Ao contrário de Cláudio... Gonzaga soube ver literariamente o Brasil com olhos brasileiros e cantá-lo com brasileira voz".(3) Nota do Autor Esta contradição gritante com a opinião geral e bem formada nos advertiu contra os juízos do autor de Preparação ao Nacionalismo, de quem discordamos quase totalmente no tocante a Gonzaga.
São assim as opiniões em torno de Tomás Antônio. Enquanto uns lhe negam certos atributos, outros lhos dão e os reivindicam para ele. Se por um absurdo da natureza o vate ressuscitasse, haveria de