Gonzaga e a Inconfidência Mineira

no movimento, o papel de animador intelectual entusiasta, e de organizador da estrutura jurídica do Estado revolucionário, que devia surgir da vitória do golpe".

Quem já leu até aqui este trabalho está sentindo o absurdo desta afirmação. Os depoimentos importantes do inquérito produzem justamente o oposto do que pretende o eminente escritor mineiro. Quais são esses depoimentos importantes? São os de Tiradentes, Freire de Andrade, Álvares Maciel, Padre Rolim, Alvarenga, padre Toledo, cônego Luiz Vieira... Sim, porque são os conjurados importantes, aqueles que armaram a sedição e, não a delatasse Joaquim Silvério, a teriam levado a cabo.

Então, que nos autoriza a aceitar o inconfidente Gonzaga?

Os argumentos utilizados pela Alçada para condená-lo? Mas, são indícios muito frágeis. Não provam nada. Não resistiram a uma análise acurada, como a que lhe fizeram o advogado Fagundes e o próprio Gonzaga. Não passaram de meras presunções. Se pudessem provar algo, talvez provassem, muito simplesmente, que o poeta sabia, de ouvida, da existência do movimento e foi negligente, conivindo com os sediciosos desta maneira.

Sílvio Romero, apesar de afirmar de modo categórico a qualidade de revolucionário de Gonzaga, escreve, a respeito da sentença estas palavras muito significativas: "Pelos fúteis motivos expostos neste aranzel foi Gonzaga por toda a vida degredado para as Pedras, presídio em Angola!..." (o grifo é nosso).(1) Nota do Autor

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