dos fatos históricos, as suas "fichas de identidade". A ternura popular cria legendas (ou lendas), forja mitologias, edifica Olimpos e Walhalas, levanta escadas de Jacó e torres de Babel, mas não ergue o edifício da História verdadeira. Este há de ser feito com os vergalhões e o concreto da documentação procedente.
Cabe aqui lembrar as palavras lapidares do engenhoso criador de Dom Quixote, para quem devem "ser los historiadores puntuales, verdaderos y no nada apasionados, y que ni el interés ni el miedo, el rancor ni la afición, no les hagan torcer del camino de la verdad". Sob a inspiração destas palavras procuramos contribuir para o estudo de Gonzaga na inconfidência, sem a presunção de sermos definitivos nem incontestáveis.
Apesar das opiniões afirmativas e dogmáticas de Joaquim Norberto e do Snr. Afonso Arinos, o processo, hoje ao alcance de qualquer um, publicado em letra de forma, desautoriza todas as conclusões pela participação do vate de Marília de Dirceu na trama republicana de 1789.
Somos destes que pensam ser um dever de quantos difundem a História pôr a verdade à vista, tanto quanto possível. Nada nos autoriza a considerar Gonzaga inconfidente, a não ser a fragílima argumentação dos juízes da Alçada que o degredou. Estamos convencidos de que Tomás Antônio não foi inconfidente, como o foram por exemplo Alvarenga, Toledo, Freire de Andrade, Álvares Maciel, padre Rolim e Tiradentes - o ponto culminante da malograda arremetida. Para nós o lírico desembargador não passou, no máximo; de um oportunista, à espera de