Gonzaga e a Inconfidência Mineira

Reivindica para Gonzaga até a glória ímpar de haver ideado a república e forjado a conspiração! Mas, nós o veremos, o autor de História da Conjuração Mineira não se baseou em dados seguros, ou não soube, ou não quis concluir logicamente dos estudos que fez. Teve, é certo, nas mãos, os Autos de Devassa. Tinha, porém, um desígnio censurável, que lhe turbou o raciocínio e o desviou da verdadeira conclusão: o propósito de diminuir Tiradentes. Não se lembrou da lição do genial criador de Dom Quixote, que disse deverem "ser los historiadores puntuales, verdaderos y no nada apasionados, y que ni el interés ni el miedo, el rencor ni la afición, no les hagan torcer del camino de la verdad".(6) Nota do Autor Ninguém pode analisar os acontecimentos históricos, para concluir com justeza, se tiver como orientação um espírito preconcebido, uma ideia sectarista. É preciso entrar no templo da investigação histórica inteiramente despido de toda a casta de prejuízos. Quem estuda o fenômeno histórico, para tirar dele uma conclusão ao menos presumidamente verdadeira, deve obrar com a retidão e a serenidade de um juiz. Que haja, no ato, quando não houver mais nada, a dignificante vontade de acertar. Estes princípios salutares não orientaram o primeiro historiador da Inconfidência.

Parecem-nos de Múcio Leão estas palavras, que citaremos também: "Aureolado de gênio e de desgraça, tendo o nome ligado á conspiração mineira, vítima de atrozes injustiças, preso, condenado á masmorra e ao degredo..."(7) Nota do Autor Isto nos dá uma ideia

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