c) CONSTRUÇÃO DE BARCOS
A atividade das olarias, como também a extração de areia, alimenta pequena indústria de construção e conserto de barcos, localizada sobretudo nas vizinhanças da Avenida de Guarulhos, no trecho que atravessa o Tietê.
Os barcos que trafegam nas águas do grande rio costumam medir 12 metros de comprimento por dois metros de largura, na parte mediana. Sua carcaça é de pinho, mas o fundo é de peroba, que melhor resiste ao contato com a água. Suas extremidades trazem pequena coberta, denominada "casinha", que corresponde ao "castelo" do praiano de Santos ou ao "galpão" do piracuara do Paraíba. A "casinha" da ré (popa) é a maior e dá para abrigar dois homens deitados; a do "bico" (proa) é bem menor. Ambas servem para guardar objetos, roupas, mantimentos etc., embora a maior seja utilizada, muitas vezes, como abrigo para os que lidam com o barco.
Podem conduzir sete toneladas de carga, o que corresponde a cinco mil tijolos, ou 7,5 m³ de areia, ou ainda sete m³ de pedregulho.
Essa pequena indústria tem um caráter doméstico, pois os que nela trabalham pertencem, quase sempre, à mesma família. Três ou quatro pessoas podem construir um barco desse tipo em 15 dias, vendendo-o à razão de quatro ou cinco mil cruzeiros, o que serve para mostrar as vantagens do negócio, mormente se atentarmos para aquele caráter familiar, atrás referido. Em geral, são portugueses os que se dedicam a essa curiosa atividade, tão ligada à vida do rio Tietê.
No chamado Caminho do Porto, não longe da ponte para Guarulhos, existe o principal desses pequenos "estaleiros". Ali se fabricam barcos de todos os tipos, não só de carga como também de passageiros. Tais embarcações