Três panfletários do Segundo Reinado

brasileiro sobre o capricho dinástico, da realidade sobre a ficção, da liberdade sobre a tirania!"

Desnecessário é dizer que a reação dos conservadores foi imediata e virulenta. Para que se tenha uma ideia da repercussão do Libelo do Povo basta dizer-se que mais de um jornaleco foi criado, exclusivamente para malhar, sem dó nem piedade, o audacioso Timandro, sobre cuja identidade, já agora, não havia mais a menor dúvida. O revide era terrivelmente insultuoso. Para um desses pasquins, A Contrariedade pelo Povo, Sales Torres Homem era apenas um desprezível filho de padre. Quando o autor do Libelo do Povo foi designado para fazer parte da deputação que iria levar ao jovem imperador a resposta à fala do trono, os insultos redobraram; "Infame! Terás a coragem de, no dia 4 de março, te apresentares diante do Senhor D. Pedro II na deputação da Assembleia Geral?!!!" E, mais adiante: "Infame! Não sabes o que fizeste!... Cavaste a tua ruína, e chafurdarás sempre nesse lodaçal de pútrida lama em que te mergulhaste! Brasileiros, fiéis à religião, à Constituição e ao Imperador, autoridade suprema dela emanada, guerra e guerra de morte a esse indigno e vil Timandro, vergonha dos fluminenses honrados; e amaldiçoado seja todo aquele que, ao passar por ele, lhe não cuspir na cara! Guerra e mais guerra!" Além desse, havia outros pasquins, entre os quais O Caboclo, que desferia iguais ataques e se fazia veículo das piores injúrias contra o panfletário liberal. Os conservadores tinham a seu serviço um poeta de aluguel, notável pela veia satírica, pela presteza do epigrama, pela virulência e perfídia. Em cada número de O Cabloco havia pelo menos um soneto satírico contra Sales Torres Homem. Isto sem falar nas matérias em prosa, nas quais era chamado de "crioulo malandro" e outras amabilidades dessa espécie.

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