Três panfletários do Segundo Reinado

Da anarquia feroz o facho atiça

Tratando a monarquia de chalaça

Sem lembrar-se do pai, Padre de Missa!



O tratante quer ver se o povo embaça,

E p'ra satisfazer a vil cobiça

Deseja que governe algum cachaça!"

Saiu tal soneto na edição de de 10 de março de 1849, na qual, num tópico em prosa, Torres Homem é chamado de "médico sem doentes, à procura de fortuna". O poeta a serviço da política conservadora caprichava não apenas nos insultos, mas igualmente nas rimas:

"Eu já vi o Libelo inflamatório!

Do filho do Rev'rendo Apolinário;

Dez tostões me custou o calendário

Por ser obra do sábio João Tenório.



Poucas ideias, vasto palanfrório;

O diabo leve o trono hereditário!

É um tição que sopra o salafrário

P'ra acender o furor republicório!



O miolo esgotou nesta matéria;

À Casa Bragantina fez injúria,

O capadócio diz-lhe muita léria!



Leia todo o Brasil essa lamúria;

A Musa que a inspirou foi a Miséria

E o autor quem o fez foi a Luxúria!"

Quando as impiedosas cutiladas abrandavam, o poeta de aluguel, esquecendo a mulatice e as origens do panfletário, fustigava, principalmente, a vaidade de Sales Torres Homem:

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